Passa de 700 o número de ônibus atacados na Grande São Paulo e na Baixada Santista em pouco mais de um mês
14/07/2025
(Foto: Reprodução) São Paulo registra 47 ataques a ônibus no domingo e mais 5 nesta segunda-feira
A cidade de São Paulo registrou no domingo (13) 47 ataques a ônibus da rede municipal. Em pouco mais de um mês, autoridades já contaram mais de 700 casos na Região Metropolitana e na Baixada Santista.
Eram 21h34 de domingo (13) quando um ônibus parou em um ponto na Zona Leste de São Paulo. Duas mulheres conversavam quando um objeto atingiu a janela ao lado delas. Os passageiros buscaram abrigo ao lado do cobrador. O vidro não quebrou, mas ficou todo trincado.
Só no domingo (13) foram 47 ataques na cidade de São Paulo. Foi o dia com o segundo maior número de ações criminosas desse tipo. De 12 de junho até domingo (13), 421 ônibus foram vandalizados na capital. A Agência Paulista de Transportes contou outros 263 em linhas intermunicipais. Na Baixada Santista, mais 34.
Os ataques não quebram só os vidros. Os estilhaços cortaram o rosto da aposentada Claudete de Paula de Lima, de 82 anos, no sábado (12), em São Vicente:
"Eu não senti nada na hora. Quando eu estava parada assim, começou a escorrer, aí eu vi que estava sangrando”, conta.
Os investigadores suspeitam que empresas ou funcionários estejam tentando levar pânico aos passageiros e desestabilizar o setor.
Passa de 700 o número de ônibus atacados na Grande São Paulo e na Baixada Santista em pouco mais de um mês
Jornal Nacional/ Reprodução
Nesta segunda-feira (14), em entrevista ao programa Em Ponto, da GloboNews, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, do MDB, disse que está em contato direto com a polícia e que os depoimentos dos sete suspeitos presos até agora reforçam a tese de que os ataques foram combinados:
"Parece que existe uma questão orquestrada. Por quê? Todos eles falam o seguinte: 'Olha, não, na verdade eu tive uma discussão de trânsito ali, o ônibus me fechou e eu parei para jogar uma pedra’”.
Repor um vidro quebrado custa R$ 800. Mas, além do custo financeiro, os atos de vandalismo também trazem um prejuízo operacional. Um ônibus apedrejado só pode voltar a circular depois de passar pelo conserto e por uma perícia. Isso pode demorar até dez dias. Por contrato, todas as empresas têm uma reserva operacional. Mas, com os casos se acumulando dia após dia, fazer essa reposição não tem sido simples. Uma empresa consertou 41 janelas. O mais difícil é achar as peças no mercado.
“Ontem, nós tivemos sete casos. Então, quer dizer, a gente tem sete casos que a gente tem que ir atrás e achar. E a gente está fazendo tudo possível, até mesmo por causa da população. A gente está tentando que esse impacto não reflita lá fora. E está complicado, não está fácil”, diz o gerente de operação Fabiano Campos da Silva.
Com medo, os passageiros fazem um apelo pelo fim dessa violência.
"Eu tento evitar um pouco, ficar na janela é perigoso. De repente vem a pedrada, não tem como desviar”, diz o funileiro José Márcio da Silva.
"Eu já evito alguns horários. Normalmente, não pego ônibus muito tarde. E, quando possível, opto por carro por aplicativo, alguma coisa assim”, conta a analista Camila Batista.
"Tento vir sempre mais de carro ou, se possível, não vir. Até passar essa onda que está tendo”, diz a manicure Élida Oliveira.
Na noite desta segunda-feira (14), a Prefeitura de São Paulo anunciou que mais cinco ônibus foram atacados na cidade nesta segunda. A Secretaria da Segurança Pública afirmou que está em vigor a Operação Impacto, com quase 8 mil policiais atuando para prevenir e investigar esses ataques na Grande São Paulo e na Baixada Santista.
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